“Antonieta, Conceição e Adalgisa” é um livro feito de muitas histórias e camadas de afeto. Ana Carolina Assis escreve em parceria com sua avó, Adalgisa Figueiredo, transformando em poemas as vozes das mulheres da família. Joana Lavôr, amiga de Ana, desenha os alimentos que ora faltam ora se multiplicam no quintal da casa. Ao mesmo tempo concretos – é possível perceber o contorno da jaca, dos moluscos, do cacau – e também na vizinhança da abstração – os frutos da terra e do mar ampliam o significado dos versos. O parentesco vem entrelaçado com os cuidados no cotidiano –  nascimentos, acidentes, festas e gripes: “vó, eu sonhei que/ você chegava aqui em casa/ tinha uma festa na calçada/ era rio e era também são gonçalo/ você trazia peixe e dizia é namorado/ e que agora só gosta das frutas azedas”. Ana transmite a cadência das formas de conhecimento com frequência apagadas na passagem para a página impressa. Como diz Flávia Péret no posfácio: “podemos ouvir essa língua sendo falada, com todas as suas modulações”.  
Ana Carolina Assis com Adalgisa Figueiredo (poemas), Joana Lavôr (imagens); Flavia Péret (posfácio); Luiza Leite (edição); Tatiana Podlubny, Cecilia Costa (projeto gráfico).
Livro, 32 p, 12.5 x 21 cm, costurado. Impressão digital sobre papéis Offset Alta Alvura 180 g/m2 (capa) e Pólen Bold 90 g/m2 (miolo). Composto na fonte Publica, de Gustavo Ferreira / Hipertipo.